Atlas Virtual da Pré-História

Mosassauro de Hoffmann

(Mosasaurus hoffmannii)

Mosasaurus hoffmannii - AVPH

Paleoartes:

- AVPH

Introdução

O Mosassauro ou Mosassauro de Hoffmann (Mosasaurus hoffmannii) é a espécie-tipo do gênero Mosasaurus e um dos maiores répteis marinhos conhecidos do período Cretáceo Superior (estágios Campaniano e Maastrichtiano), vivendo há aproximadamente entre 82 e 66 milhões de anos, pouco antes da grande extinção em massa que marcou o fim da Era dos Dinossauros. Habitava os mares rasos que cobriam partes da Europa, América do Norte, América do Sul, África e outras regiões tropicais e temperadas do mundo, representando o ápice evolutivo dos mosassaurídeos.

Etimologia

O nome Mosasaurus vem do latim Mosa (rio Mosa, na atual Holanda e Bélgica) e do grego sauros (lagarto), significando "lagarto do Mosa". O epiteto específico hoffmannii homenageia o médico Johann Leonard Hoffmann, que estudou e tentou preservar os primeiros fósseis encontrados no século XVIII.

Descrição

O Mosassauro de Hoffmann era um predador de proporções colossais. Estima-se que atingia de 12 a 17,6 metros de comprimento e pesava entre 10 e 15 toneladas. Seu corpo era alongado e fusiforme, adaptado para a vida aquática, com quatro nadadeiras robustas, uma longa cauda bifurcada e crânio maciço de até 1,7 metro. A mandíbula possuía fileiras de dentes afiados e cônicos, próprios para dilacerar presas. Ao contrário de muitos répteis, sua articulação mandibular era móvel, o que permitia ao animal engolir presas grandes inteiras, de modo semelhante às serpentes.

Possuía também olhos grandes, com esclerótica reforçada, o que indica excelente acuidade visual. Estudos indicam que sua audição era limitada, e seu olfato, pouco desenvolvido. Sua principal vantagem predatória estava na força da mordida e na visão apurada. O crânio continha adaptações que lhe conferiam uma das mordidas mais potentes entre os mosassauros, podendo rivalizar com tubarões e crocodilianos modernos.

Novas análises morfológicas sugerem que o Mosasaurus hoffmannii apresentava um estilo de natação propulsiva baseado principalmente na cauda, com um nado parecido ao dos tubarões modernos, ao contrário dos movimentos ondulatórios corporais observados em mosassaurídeos mais primitivos.

Eram superpredadores marinhos, posicionando-se no topo da cadeia alimentar. Seu cardápio incluía outros répteis marinhos como plesiossauros, tartarugas, aves marinhas, tubarões e até outros mosassauros menores. Os fósseis de suas fezes (coprólitos) revelam ossos fragmentados e escamas, indicando que engolia as presas com vigor e digeria até partes duras.

As adaptações anatômicas do M. hoffmannii sugerem que ele era um animal de mar aberto, mas também podia ser encontrado em mares costeiros e bacias interiores. Comportamentos migratórios são possíveis, embora difíceis de comprovar com os dados fósseis disponíveis. Supõe-se que fosse vivíparo, ou seja, que paria filhotes vivos, como demonstrado por fósseis de outros mosassauros com embriões preservados em seu interior.

Descoberta

Os primeiros fósseis atribuídos ao Mosasaurus hoffmannii foram encontrados em Maastricht, na Holanda, por trabalhadores de minas de calcário no final do século XVIII. Hoffmann, um cirurgião local, reconheceu a importância dos ossos e os preservou. Durante a ocupação napoleônica, os fósseis foram levados para a França, onde foram estudados por Georges Cuvier, que os identificou como um réptil marinho extinto, um dos primeiros reconhecimentos científicos de extinção. O nome da espécie foi formalmente dado por Gideon Mantell em 1829. Atualmente, o holótipo está no Museu Nacional de História Natural de Paris.

Classificação

Mosassaurus hoffmannii pertence à ordem Squamata, subordem Mosasauria, família Mosasauridae, subfamília Mosasaurinae, e gênero Mosasaursus. É considerado um dos mosassauros mais derivados, com adaptações marinhas altamente especializadas. Juntamente com espécies como Tylosaurus e Prognathodon, representa uma linhagem de predadores ápice do Cretáceo superior.

O M. hoffmannii também se tornou uma figura icônica da cultura popular, representado em museus, livros e filmes, como a franquia "Jurassic World", onde aparece como uma criatura colossal. Apesar das licenças criativas, sua representação ali reforçou o fascínio moderno por esse impressionante réptil marinho.

Dados do Dinossauro:

  • Nome: Mosassauro de Hoffmann
  • Nome Científico: Mosasaurus hoffmannii
  • Época: Cretáceo
  • Local onde viveu: Oceanos tropicais
  • Peso: Cerca de 15,0 toneladas
  • Tamanho: 17,6 metros de comprimento
  • Alimentação: Carnívora

Classificação Científica:

  • Reino: Animalia
  • Filo: Chordata
  • Classe: Reptilia
  • Ordem: Squamata
  • Clado: †Mosasauria
  • Família: †Mosasauridae
  • Subfamília: †Mosasaurinae
  • Tribo: †Mosasaurini
  • Gênero:Mosasaurus
  • Espécie:Mosasaurus hoffmannii Mantell, 1829.

Referências:

  • - Florence F. J. M. Pieters; Peggy G. W. Rompen; John W. M. Jagt; Nathalie Bardet (2012). "A new look at Faujas de Saint-Fond's fantastic story on the provenance and acquisition of the type specimen of Mosasaurus hoffmanni Mantell, 1829". Bulletin de la Société Géologique de France. 183 (1): 55–65. doi:10.2113/gssgfbull.183.1.55. ISSN 0037-9409. S2CID 130192719.
  • - Georges Cuvier (1808). "Sur le grand animal fossile des carrières de Maestricht" [On the great fossil animal of the quarries of Maastricht]. Annales du Muséum d Histoire naturelle (in French). 12: 145–176.
  • - Gideon Mantell (1829). "A tabular arrangement of the organic remains of the county of Sussex" (PDF). Transactions of the Geological Society of London. 2. 3: 201–216. doi:10.1144/TRANSGSLB.3.1.201. S2CID 84925439.
  • - Hallie P. Street; Michael W. Caldwell (2017). "Rediagnosis and redescription of Mosasaurus hoffmannii (Squamata: Mosasauridae) and an assessment of species assigned to the genus Mosasaurus". Geological Magazine. 154 (3): 521–557. Bibcode:2017GeoM..154..521S. doi:10.1017/S0016756816000236. S2CID 88324947.
  • - Lars P.J. Barten; John W.M. Jagt; Eric W.A. Mulder (2024). Gut contents of a subadult individual of Mosasaurus hoffmannii Mantell, 1829 from the Maastrichtian type area (the Netherlands) hint at the species dietary preferences (PDF). 7th Triennial Mosasaur Meeting—A Global Perspective on Mesozoic Marine Amniotes.
  • - Theagarten Lingham-Soliar (1995). "Anatomy and functional morphology of the largest marine reptile known, Mosasaurus hoffmanni (Mosasauridae, Reptilia) from the Upper Cretaceous, Upper Maastrichtian of The Netherlands". Philosophical Transactions of the Royal Society B. 347 (1320): 155–180.