Introdução

O Ibirânia (Ibirania parva) é uma espécie de dinossauro brasileiro herbívoro do grupo dos saurópodes que viveu há aproximadamente 80 milhões de anos, durante o período Cretáceo Superior (idades Santoniano ao Campaniano), na região sudeste do Brasil, mais especificamente na atual cidade de Ibirá, no interior do estado de São Paulo. Embora pertença ao mesmo grupo de dinossauros gigantes como os titanossauros argentinos, o Ibirania apresentava um tamanho significativamente menor, sendo considerado o primeiro saurópode anão confirmado das Américas.

Etimologia

O nome Ibirania combina “Ibirá”, nome da cidade onde foi encontrado e que tem origem tupi, significando “árvore”, com a palavra grega "ania", derivada de plania, que significa “peregrino” ou “andarilho”. O epíteto específico parva é o feminino da palavra latina parvus, que significa “pequeno”. Portanto, o nome completo pode ser traduzido como “pequeno peregrino das árvores” ou “pequeno peregrino de Ibirá”.

Descrição

O Ibirania parva era um pequeno titanossauro quadrúpede e herbívoro da subfamília Saltasaurinae. Estima-se que media entre 5,0 a 5,7 metros de comprimento e cerca de 2,0 metros de altura, pesando aproximadamente 2,5 a 3 toneladas, o que o coloca entre os menores saurópodes conhecidos até hoje. Apresentava vértebras com cavidades internas bastante pneumatizadas, indicando a presença de sacos aéreos — uma característica ligada à respiração eficiente. Análises histológicas revelaram que os indivíduos já estavam esquelética e sexualmente maduros no momento da morte, o que confirma o nanismo da espécie e descarta a hipótese de se tratar de animais juvenis.

Provavelmente vivia em pequenos grupos familiares e se alimentava de vegetação rasteira e arbustiva, adaptado a ambientes semiáridos e de baixa oferta de alimento. Diferente de outros dinossauros anões que evoluíram em ilhas, o nanismo de Ibirania pode ter se desenvolvido em decorrência de pressões ecológicas locais, como escassez alimentar e clima seco prolongado. A fauna contemporânea incluía o carnívoro Thanos simonattoi, outros terópodes como unenlagiíneos e megaraptorídeos, além de tartarugas, crocodiliformes e peixes.

Descoberta

Os primeiros vestígios da espécie foram encontrados em 1999 no Sítio dos Irmãos Garcia, na Vila Ventura, município de Ibirá (SP), pela equipe do Museu de Paleontologia de Monte Alto. O holótipo (LPP-PV-0200–0207) foi escavado em 2005 por Marcelo Adorna Fernandes (UFSCar) e inclui uma vértebra dorsal posterior, vértebras caudais parciais, um rádio e ulna fragmentados, um metacarpo parcial e um metatarso quase completo. Outros espécimes adicionais foram descobertos na mesma região, representando ao menos quatro indivíduos diferentes. Os fósseis foram estudados por uma equipe liderada por Bruno Navarro, do Museu de Zoologia da USP, e a espécie foi formalmente descrita em 2022 na revista Ameghiniana.

Classificação

Ibirania parva pertence ao clado Titanosauria, dentro da subfamília Saltasaurinae, um grupo conhecido por incluir os menores titanossauros conhecidos. Ele foi classificado como táxon-irmão dos saltassauríneos patagônicos Bonatitan e Rocasaurus, ambos da Formação Allen da Argentina. Sua presença no Brasil amplia a diversidade e a distribuição dos saltassauríneos na América do Sul.