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Alimentos e Nutrição para Tartarugas e Jabutis entre outros quelônios em geral Todo ser vivo necessita de alimentos para crescer e se manter vivo. Os alimentos são transformados no trato digestivo dos seres vivos em moléculas menores, que são então absorvidas pelas células. A base para a geração de energia nos seres vivos são as moléculas de açúcares que são sintetizados em piruvato durante a glicólise e entram no Ciclo de Krebs na presença de oxigênio ou em reações de fermentação na ausência do oxigênio, ambos produzindo energia celular ou ATP - adenosina trifosfato (JUNQUEIRA, L. C. U. et al, 2005). Possuir energia garante apenas que os sistemas orgânicos dos seres vivos continuem em funcionamento, entretanto, para possuir um metabolismo adequado, um crescimento saudável e um desenvolvimento correto de todos os sistemas (digestivo, respiratório, circulatório, nervoso, muscular, urinário ,reprodutor, ósseo e tegumentar), são necessários diversos nutrientes. Sendo assim, uma alimentação ausente de alguns minerais e vitaminas podem levar ao aparecimento de doenças, desenvolvimentos anormais, entre outros, que podem resultar na morte do animal. Todos os quelônios evoluíram para um tipo de alimentação onívora, porém cada espécie ou grupo de espécies evoluiu para se adaptar melhor ao seu habitat, tornando-se então mais herbívora ou mais carnívora conforme a necessidade ou disponibilidade de alimento. As tartarugas terrestres, devido a dificuldade em caçar gerada pela lentidão na locomoção acabaram se adaptando melhor a alimentação herbívora, porém não rejeitam carne quando a encontram (carniça, animais pequenos, etc). As tartarugas aquáticas desenvolveram diversas técnicas de alimentação auxiliadas pelo empuxo da água, que facilitou a locomoção de suas pesadas carapaças, levando alguns quelônios aquáticos a desenvolverem velocidades de ataque comparadas ao dos principais predadores do planeta. No entanto mesmo possuindo preferência pela alimentação carnívora, na ausência dela, essas "tartarugas aquáticas carnívoras" se alimentam também de vegetais. Existem também diversas espécies de tartarugas aquáticas que se adaptaram a alimentação herbívora, baseando seu cardápio em vegetais aquáticos, entre outros, porém até elas não rejeitam carne quando a encontram em pequena quantidade. Os problemas mais comuns na dieta das tartarugas em cativeiro são elevadas quantidades de comida, o fornecimentos de baixas quantidades de fibras, elevadas quantidades de frutas e proteína animal e equilíbrio inadequado entre cálcio/fósforo, que deve possuir uma relação mínima de 2:1 (2 vezes mais cálcio que fósforo). Alimentação recomendada para quelônios terrestres onívoros: Jabuti piranga, Jabuti tinga, entre outros. - 85% da dieta deve se basear em vegetais, como: Chicória, almeirão, couve, cenoura, pepino, folhas de amora, folhas e flores de hibiscos, folhas e flores de brócolis, alface, espinafre, repolho, rúcula, agrião, acelga, serralha (dente de leão), gramíneas, cactus, etc. Cada animal deve apresentar preferência por determinados alimentos, porém deve-se sempre variar para garantir uma boa alimentação, deve se ter cuidado com o excesso de alface, pois pode causar diarreia. - 10% da dieta deve ser a base de frutas, como: Banana com casca, tomate, abacate, goiaba, morango, manga, mamão com casca e sementes, melão, melancia, acerola, carambola, amora, pitanga, jabuticaba, ameixa, nectarina, pêssego, uva, maçã, pêra, figo, entre outras. Frutas são alimentos compostos de bastante vitaminas e açucares, sendo essencial para uma boa alimentação, porém deve-se evitar excesso de algumas frutas como o mamão, pois pode provocar problemas intestinais e o abacate que é muto gorduroso, sendo novamente importante a variação das frutas oferecidas. - 5% da dieta deve ser composta de proteína animal, como: carne moída crua, ração para tartarugas aquáticas, suplementos alimentares, ração de cachorro (em pequenas quantidades), ovos cozidos com casca, larvas de tenébrios, minhocas, lesmas, caramujos. Obs.: Metade da dieta dessas tartarugas pode ser substituída por rações próprias para as mesmas, pois estas são desenvolvidas especialmente por grandes fabricantes para se adequar a essa dieta. Alimentação recomendada para quelônios terrestres herbívoros: Tartaruga de esporas africana, Tartaruga do chaco, Tartaruga gigante de Galápagos, Tartaruga gigante de Aldabra, Tartaruga gigante de Seychelles, entre outras. - 90% da dieta deve se basear em vegetais, como: Almeirão, chicória, couve, cenoura, folhas de amora (Morus), folhas e flores de hibiscos(Hibiscus sp), folhas de uva, repolho, alface, espinafre, agrião, rúcula, folhas e flores de brócolis, serralha (dente de leão), acelga, gramíneas (Buchloe dactyloides, Orchardgrass, Cynodon dactylon, Andropogon gerardii, Andropogon scoparious, Agropyron smithii, Bouteloua gracilis, Festuca arizonica, Festuca arundinacea, Festuca ovina, Festuca rubra), cactus (Opuntia sp, pode-se raspar os espinhos com facas afiadas), alfafa in natura e peletizada. Cada espécie apresenta preferência por determinados alimentos, porém deve-se variar os tipos de alimento diariamente para garantir uma dieta equilibrada de nutrientes e ter-se cuidado com alimentos que possuem elevadas quantidades de oxalatos. - 8% da dieta deve ser a base de frutas, como: Melancia, melão, banana com casca, tomate, mamão com casca e sementes, acerola com sementes, carambola, abacate, maçã, morango, manga, coquinhos (jerivá), etc. Frutas são alimentos compostos de bastante vitaminas e açucares, sendo essencial para uma boa alimentação, entretanto deve-se evitar o excesso pois em espécies de tartarugas herbívoras os açúcares podem provocar problemas intestinais, novamente é importante a variação das frutas a serem oferecidas. - 2% da dieta deve ser composta de proteína animal, como: Carne moída crua, ração para tartarugas aquáticas, suplementos alimentares, carne moída crua, ração de cachorro, ração de gato (em pequenas quantidades), ovos cozidos com casca, larvas de tenébrios, minhocas, lesmas, caramujos. Alimentação recomendada para quelônios aquáticos carnívoros: Tigres d'água, Tartarugas de orelha vermelha, Cágados de pescoço comprido, Tartarugas mordedoras, Tartarugas do lodo, Tartarugas de casco mole, Mata-mata, entre outras. - 80% da dieta deve ser composta de proteína animal, como: Rações para tartarugas aquáticas, peixes vivos (tilápia, lambari, lips, lebiste, espada, plati, molinésia, etc), pedaços de peixes, carne de vaca crua, suplementos alimentares, ração de cachorro (em pequenas quantidades), larvas de tenébrios, minhocas, lesmas, gammarus (em pequenas quantidades), caramujos, rações de peixes carnívoros (em pequenas quantidades). - 15% da dieta deve se basear em vegetais, como: Plantas aquáticas (aguapés, alfaces d'água, salvínias), almeirão, chicória, couve, alface, agrião, rúcula, folhas de brócolis, espinafre, repolho, folhas de amora, cenoura ralada, folhas e flores de hibiscos. Cada espécie animal apresentará preferências por determinados alimentos, sendo importante para se garantir uma boa alimentação variar os tipos oferecidos. - 5% da dieta deve ser a base de frutas, como: banana, abacate, maçã, goiaba, morango, manga, mamão, tomate, entre outras. Frutas são alimentos compostos de bastante vitaminas e açucares, porém no caso desses quelônios, não costumam aceitar com facilidade esse tipo de alimento. Obs.: Metade da dieta dessas tartarugas pode ser substituída por rações próprias para as mesmas, pois estas são desenvolvidas especialmente por grandes fabricantes para se adequar a essa dieta. Alimentação recomendada para quelônios aquáticos herbívoros: Tartarugas gigante do amazonas, Tracajá, Tartaruga de barriga vermelha, entre outras. - 90% da dieta deve se basear em vegetais, como: Plantas aquáticas (aguapés, alfaces d'água, salvínias), almeirão, chicória, couve, alface, agrião, rúcula, folhas de brócolis, espinafre, repolho, folhas de amora, cenoura ralada, folhas e flores de hibiscos, rações de peixes herbívoros (em pequenas quantidades). Cada espécie animal apresentará preferências por determinados alimentos, sendo importante para se garantir uma boa alimentação variar os tipos oferecidos. - 5% da dieta deve ser a base de frutas, como: Banana, abacate, maçã, goiaba, morango, pitanga, acerola, manga, mamão, tomate, coquinhos (jerivá), entre outras. Frutas são alimentos compostos de bastante vitaminas e açucares, porém no caso desses quelônios, não costumam aceitar com facilidade esse tipo de alimento. - 5% da dieta deve ser composta de proteína animal, como: Rações para tartarugas aquáticas, peixes vivos, pedaços de peixes, carne de vaca crua, suplementos alimentares, ração de cachorro (em pequenas quantidades), larvas de tenébrios, minhocas, lesmas, caramujos. Obs.: Metade da dieta dessas tartarugas pode ser substituída por rações próprias para as mesmas, pois estas são desenvolvidas especialmente por grandes fabricantes para se adequar a essa dieta. Alimentação recomendada para quelônios marinhos: Tartaruga de couro, Tartaruga verde, Tartaruga cabeçuda, Tartaruga de pente, Tartaruga oliva, Tartaruga de Kemp e Tartaruga de casco achatado. - 85% da dieta deve ser composta de proteína animal, como: Peixes, lulas, polvos, águas vivas, camarões, medusas, siris, caranguejos, esponjas, entre outros animais marinhos de pequeno porte. A preferência da alimentação varia muito dependendo da espécie. - 15% da dieta deve se basear em vegetais, como: Algas marinhas entre outras plantas aquáticas. A preferência da alimentação varia muito dependendo da espécie. Alimentação recomendada para quelônios babys e jovens: Essa é a idade onde se deve ter os maiores cuidados com a alimentação, pois as tartarugas podem viciar em determinados tipos de alimentos, passando a não aceitar outros para o resto da vida. Devido ao elevado ritmo de crescimento que elas apresentam nessa idade, a alimentação irregular pode provocar deformações estruturais e orgânicas, que causam dificuldades reprodutivas, de locomoção, reduzindo até a longevidade do animal. O tipo de alimento irá variar conforme a espécie da tartaruga seguindo basicamente a dieta do adulto recomendada acima, entretanto todos os quelônios quando jovens necessitam de maiores quantidades de proteína animal, praticamente o dobro da porcentagem necessária para o animal adulto e de energia. Dessa forma se faz necessário elevar a quantidade de alimentos que possuam cálcio, derivados de carne, frutas, deixando para oferecer maior quantidades de vegetais aos animais adultos. Obs.: Metade da dieta dessas tartarugas pode ser substituída por rações próprias para babys, pois estas são desenvolvidas especialmente por grandes fabricantes para se adequar a essa dieta. A principal ferramenta dos quelônios na obtenção de alimentos são os pescoços relativamente longos que podem ser encolhidos na carapaça frontalmente ou lateralmente, aliados aos seus bicos córneos possantes que são capazes de apanhar os alimentos necessários (desde peixes escorregadios até cactus espinhosos). Na natureza desenvolveram as habilidades necessárias para sobreviver em seus respectivos habitats com seus determinados tipos de alimentos, extraindo deles tudo que necessitavam para viver, crescer e reproduzir. Entretanto, quando esses animais são submetidos ao cativeiro, necessitam que essas condições e os nutrientes dos alimentos sejam semelhantes aos que possuíam ou estavam adaptados na natureza. Os nutrientes dos alimentos são responsáveis pelo auxílio na síntese de novos tecidos e a manutenção das células existentes, proporcionando o funcionamento adequado de nosso organismo e a saúde do animal. Portanto uma alimentação equilibrada em nutrientes é essencial para a sobrevivência dos seres vivos. Cada nutriente possuí uma função específica e essencial, sendo classificados como macronutrientes, que são nutrientes que fornecem energia (carboidratos, lipídeos e proteínas) e micronutrientes, que são nutrientes que não fornecem energia (vitaminas e minerais) (HIRSCHBRUCH, 2008). Os macronutrientes são basicamente: Carboidratos são açúcares compostos a base carbono, hidrogênio e oxigênio. São facilmente encontrados na natureza e correspondem a maior parte da dieta dos seres vivos, são classificados como monossacarídeos, quando possuem apenas uma unidade de carboidrato, como oligossacarídeos, quando possuem de 2 a 10 monossacarídeos e como polissacarídeos, quando possuem mais de 10 monossacarídeos. São encontrados principalmente em áreas de reservas de energia em vegetais, como sementes, raízes e caules (JUNQUEIRA, L. C. U. et al, 2005). Proteínas são conjuntos de aminoácidos (compostos constituídos de carbonos e aminas) classificados de acordo com a sua função biológica (enzimas, estoque, regulatórias, estruturais, proteção, transporte, contráteis, etc), representando o principal componente estrutural e funcional de todas as células do organismo. São comumente encontrados em produtos de origem animal e vegetal (SILVA, 2007). Lipídeos são a principal fonte de estoque de energia na forma de gorduras e óleos de origem animal e vegetal, que possui funções essenciais para a digestão, absorção e transporte de vitaminas e na síntese e regulação de hormônios. Os micronutrientes são basicamente: Vitaminas são nutrientes essenciais para o metabolismo e a saúde do animal, suas absorções são baseadas em suas solubilidades, sendo as vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) mais difíceis de serem absorvidas devido a necessidade da presença de gorduras para serem absorvidas pelo trato intestinal, sendo assim, animais que estejam com dificuldades na absorção de gorduras podem desenvolver sintomas de deficiência de vitaminas mesmo recebendo as quantidades corretas de determinada vitamina. Essas vitaminas lipossolúveis quando ingeridas em alta quantidade podem se acumular no organismo, podendo provocar toxidade. As vitaminas hidrossolúveis (complexo B, vitamina C, Ácido Fólico, Ácido Pantotênico e Biotina) são mais facilmente absorvidas pelo organismo, pois o intestino em geral possuí uma elevada quantidade de líquidos. Entretanto, a deficiência dessas vitaminas ocorrem com maior frequencia pois em geral os organismos as armazenam apenas em pequenas quantidades (HENDLER, 1994). Minerais são responsáveis pela função estrutural dos ossos e dentes, participam na manutenção do ritmo cardíaco, na contratilidade muscular, condutividade neural e equilíbrio ácido básico do organismo e são constituintes importantes das enzimas e dos hormônios que modificam e regulam a atividade celular, compõe basicamente cerca de 4% do peso corporal (cálcio, fósforo, magnésio, potássio, enxofre, ferro, zinco, flúor, cobre, iodo, selênio, manganês, cromo, molibdênio, boro e cobalto). As rações mais comuns utilizadas na alimentação de quelônios possuem o enriquecimento por kg de produto:
Níveis de Garantia:
OBS.: As rações de Jabutis são produzida a base de Fubá de milho, maçã desidratada, farelo de soja, farinha de peixe, leveduras, fosfato bi cálcico, óleo de soja refinado, alfafa desidratada, cenoura desidratada, suplemento vitamínico mineral, farinha de algas marinhas, aditivo acidificante, antioxidante, corante e aditivos flavorizantes. As rações de Tartarugas aquáticas são produzida a base de Gammarus, farinha de arroz, farinha de peixe, proteína de soja pré-hidrolisada, fibra de trigo, leveduras, óleo de soja refinado, algas marinhas desidratadas, suplemento vitamínico mineral, corante alimentício e antioxidantes. As rações de peixes herbívoros são produzidas a base de farinha de milho, farinha de peixe, farelo de soja, proteína texturizada de soja, leveduras, farinha de lula, suplemento vitamínico mineral, óleo de soja refinado, antioxidantes. As rações de peixes carnívoros são produzidas a base de farelo de soja, farinha de lula, farinha de peixe, fécula de mandioca, farinha de milho, Gammarus, óleo de soja refinado, farinha de minhoca, leveduras, complexos vitamínicos e minerais, proteína texturizada de soja, corante natural, aditivos prebióticos e antioxidantes. Os alimentos comumente utilizados na alimentação de quelônios são:
Folhas
Dietas com carência de cálcio e muito ricas em fósforo podem provocar doenças ósteo-metabólica, sendo então de grande importância observar a relação cálcio/fósforo nos alimentos. Não devendo ser oferecida em grande quantidade os alimentos que contenham essa relação infeior a 1 (HOFF et al.,1984; SCHILLINGER, 1998). Alimentos que contem razão cálcio/fósforo abaixo de 1:
Vegetais que possuem a relação adequada de cálcio/fósforo, sendo maior que 1:
Além da escolha correta dos alimentos, deve-se verificar que as partes de um mesmo alimento podem ser diferentes quanto ao seu teor de nutrientes/vitaminas. As flores de brócolis são menos ricas em cálcio do que as folhas, as folhas verdes de couve que em geral estão situadas do lado externo, têm uma relação cálcio/fósforo maior que a das folhas mais claras e novas presentes no interior. A casca das frutas e os talhos das folhas em geral possuem teores mais elevados de fibras e são recomendadas para as tartarugas que possuem alimentação fortemente herbívora. Os elementos químicos, nutrientes e vitaminas e sua importância: - Cálcio: O Cálcio (Ca) é o elemento químico mineral mais abundante no organismo, pois associado ao fósforo (P) forma fosfato de cálcio que é o material pesado e denso que constitui os ossos e dentes. Esse elemento é necessário para a realização de funções neuromusculares, contrações cardíacas, coagulação sanguínea, permeabilidade das membranas e ativação de enzimas. A absorção do cálcio ocorre no intestino, onde é transportado através das membranas celulares do duodeno, pequenas quantidades de cálcio também podem ser absorvidas por simples difusão ao longo do intestino delgado. Alimentos ricos em gorduras podem dificultar a absorção do cálcio e um excesso de ácidos graxos de cadeia longa não-absorvidos reduzem a absorção de cálcio pela formação de sabões de cálcio insolúveis. Oxalatos também podem ligar-se ao cálcio tornando-o impróprio ao uso. Os raios UVB de ondas longas entre 290 e 320 nm e de um índice cromático de 90 favorecem a síntese pelos rins da forma ativa da vitamina D3 ou colecalciferol. A vitamina D3 tem a função de favorecer a absorção intestinal do cálcio alimentar. O excesso de cálcio também é ruim, pois os rins conseguem reabsorver cálcio e quando ocorre hipercalcemia, os rins não conseguiram excretar mais que poucas centenas de miligramas por dia, levando a supersaturação por cálcio e a calcificação dos tecidos macios (FOWLER, 1986; SCHILLINGER, 1998; KAPLAN, 2002). - Fósforo: O fósforo (P) é um elemento químico que se associa ao cálcio na forma de fosfato de cálcio para constituir os ossos e dentes. Este elemento é utilizado pelo metabolismo para manter o equilíbrio ácido-base dos fluídos corpóreos, é um dos principais componentes das enzimas e do ATP (adenosina trifosfato), que é responsável pelo armazenamento de energia nas ligações entre os fosfatos. Dietas alimentares com grande deficiência de fósforo podem provocar doenças ósseo-metabólicas e falta de energia muscular. E o excesso de fósforo pode formar fosfato de cálcio insolúvel e em casos extremos causando hiperfosfatemia e hipocalcemia (FOWLER, 1986). Obs.: A composição mineral dos ossos é principalmente composta por cálcio e fósforo na forma de cristais juntamente com quantidades variáveis de sódio, potássio, magnésio, zinco, manganês, cobre e carbonatos (FOWLER, 1986). - Vitamina D: A vitamina D é produzida pelas tartarugas quando expostas à radiação ultravioleta na quantidade correta, sendo assim quando elas possuem sol a disposição não requerem suplementos de vitamina D na alimentação. Entretanto, muitos quelônios são mantidos em cativeiro em condições inadequadas e sendo assim, necessitam de fontes complementares de vitamina D na alimentação. As principais fontes de vitamina D utilizadas para complementar a dieta de quelônios são alimentos que possuam ergocalciferol (vitamina D2) e colecalciferol (vitamina D3). A vitamina D2 é sintetizada pela irradiação do ergosterol encontrado facilmente em plantas e a vitamina D3 é sintetizada a partir de colesterol na pele com a presença de radiação ultravioleta e transformações no fígado e nos rins. Sem a vitamina D3, os animais desenvolvem problemas graves raquitismo, bloqueio do sistema nervoso e doenças óssea metabólicas, caracterizada por ossos moles, casco mole, quebradiços entre outras deformações como: a osteomalácia, que é um amolecimento ósseo e a diminuição da densidade óssea causada por uma mineralização insuficiente da osteóide e radiograficamente, verifica-se menor densidade óssea, afinamento da córtex e presença de ossos longos e curvados (FOWLER, 1986); a osteoporose, condição na qual a osteóide é reabsorvida desbalanceando a deposição no novo osso, resultando em uma diminuição na densidade óssea(FOWLER, 1986); o raquitismo resulta do fracasso da mineralização da osteóide ou matriz cartilaginosa óssea em animais jovens e em crescimento e radiograficamente, verifica-se um alargamento da epífise, ossos longos curvos e aumento das metáfises (FOWLER, 1986); o hiperparatiroidismo Nutricional, que é resultado de produção excessiva de hormônio paratiroidiano como resposta à hipocalcemia resultando na reabsorção do cálcio do osso, sendo simplesmente um mecanismo regulatório da manutenção da homeostase cálcica. Sob condições especiais de deficiência alimentar, a reabsorção do cálcio prejudica a integridade do osso, sendo o resultado a osteomalácia nos adultos e o raquitismo nos jovens (FOWLER, 1986). As fêmeas de quelônios podem reabsorver totalmente os ovos como um mecanismo de economia de cálcio (SCHILLINGER, 1998). - Irregularidades na quantidade de Vitamina D: Hipovitarninose D que ocorre quando a tartaruga possuí carência da vitamina D. Ela manifesta-se com sinais clínicos que incluem o raquitismo, a osteomalacia (enfraquecimento e desmineralização de ossos) e cascos moles. Hipervitarninose D que ocorre quando a tartaruga possuí excesso de vitamina D. É causada por suplementos dietéticos exagerados ou exposição prolongada a lâmpadas solares. Podem levar à calcificação dos tecidos moles e à mobilização do cálcio dos ossos, resultando em osteopenia, que é a diminuição da densidade mineral, principalmente de cálcio e fósforo, dos ossos (BIRCHARD, 1998). - Irregularidades na quantidade de Vitamina A: Hipovitaminose A que ocorre quando a tartaruga possuí carência da vitamina A. É observada em jabutis jovens alimentados com dietas de insetos secos e alface. Os sinais clínicos são olhos fechados e edema de pálpebra. Pode ocorrer metaplasia escamosa (substituição de células por outras de outro tipo celular) no epitélio respiratório e nos ductos biliares (BIRCHARD, 1998). Hipervitaminose A que ocorre quando a tartaruga possuí excesso de vitamina A. É mais comum entre quelônios terrestres, que têm em suas dietas uma alta concentração de carotenóides (são amplamente difundidos na natureza, em vegetais de cores que vão do amarelo ao vermelho e são precursores da síntese da vitamina A). Os sinais clínicos são o desenvolvimento de pele muito seca ou intensa descamação, com conseqüente perda severa de pele, expondo e infectando os tecidos musculares (FRANCISCO, 1997). Informações complementares: A oferta em excesso de alimentos que contenham proteína animal é um dos principais fatores que contribuem para o desenvolvimento de pirâmidismo. As placas da carapaça são formadas por queratina (proteína fibrosa utilizada nos animais para formar a pele, pelo, cabelo, unhas, garras, cascos, chifres, espinhos, escamas, penas e bicos) e a camada interna é composta por ossos. A dieta rica em proteínas favorece o crescimento das placas, o casco todo não consegue acompanhar esse crescimento, fazendo com que as placas tenham que crescer para cima em formato de pirâmide. A ingestão de corpos estranhos como pedras, sementes, pedaços de madeira, tufos de pelos ou cabelos, papel alumínio, parafusos, brinquedos, etc, podem obstruir o fluxo do trato alimentar e provocar diversas anomalias no animal como o prolapso intestinal. Esses itens são ingeridos as vezes devido alimentação inadequada, provocado pela carência de nutrientes no animal que acaba tentando suprir essa necessidade com outros itens presentes no recinto; ou devido contaminações nos alimentos provocando a ingestão acidental; e devido a presença de itens coloridos (principalmente brinquedos e objetos de coloração vermelha) os quais aparentam ser alimentos. Estes itens podem passar pelo trato alimentar sem causar lesões, porém muitas vezes acabam parando em estrangulamentos e provocando obstruções, que podem provocar anoxemia (falta de oxigênio) na região. A água é de importância vital para todos os seres vivos. A água ingerida pelo organismo das tartarugas participa da constituição dos tecidos e de todos os processos metabólitos do organismo (MAYNARD e LOOSLI, 1974). A ingestão de água é realizada também por meio dos alimentos e a perda de líquidos ocorre principalmente pela via urinária, pelas fezes e pela respiração (SCHMIDT-NIELSEN, 1965). Sendo a água o constituinte mais importante do organismo dos quelônios, correspondendo de 50 a 60 % de seu peso (ANGELIS, 1979). Algumas espécies de tartarugas terrestres insulares, que se adaptaram para viver em ilhas e as que vivem em regiões costeiras terrestres e aquáticas de água salobra e salgada, como as Tartarugas marinhas, Tartaruga gigante de Galápagos, Tartaruga gigante de Aldabra, Tartaruga gigante de Seychelles, possuem maiores necessidades de iodo e podem estar sujeitas ao bócio, sendo necessário adições semanais de iodo, uma ou duas gotas (BIRCHARD e SHERDING, 1998). Alimentos congelados perdem muitos de seus nutrientes e devem ser acompanhados de suplementos contendo principalmente vitamina E e tiamina, pois elas são fortemente degradadas durante o processo de congelamento. A luz solar influencia fortemente no comportamento alimentar dos quelônios, se a mesma for inadequada, pode ocorrer falta de apetite, mesmo se a temperatura ambiente entre outros fatores estiverem adequados (FOWLER, 1986). Alimentação forçada é uma alternativa eficaz no caso de animais que estejam com dificuldades extremas de sem alimentar, ela deve ser efetuada com uma sonda oro-gástrica previamente lubrificada ou catéter para animais pequenos, porém é uma atividade extremamente difícil de ser realizada e só deve ser praticada por profissionais treinados (para efetuar este procedimento consulte seu médico veterinário). Referências: - Agricultural Research Service United States Department of Agriculture - USDA, http://www.ars.usda.gov/main/site_main.htm?modecode=12-35-45-00 - BIRCHARD, S. J.: SHERDING Manual Saunders - Clínica de pequenos animais. São Paulo: Roca, 1998. J591 p. - BOYER, T.H. Metabolic Bone Disease. In: MADER, D.R. Reptile Madicine and Surgery. Philadelphia: Editions W.B. Saunders Company, p.385-392, 1996. - BRUNO, S.F. ; ROMÃO, M.A.P. ; LESSA, G.M.B. ; BRESSAN, A. C. S. ; CHAUDON, M.B.O . Ocorrência de Corpos estranhos Gastro-intestinais em Quelônios. In: II Congresso Paulista de Medicina Veterinária, 1993, São Paulo. II Congresso Paulista de Medicina Veterinária - Programas e Anais, 1993. - BRUNO, S.F. ; BLUM, E. ; ROMÃO, M.A.P. ; SWAMI, V.S.L. ; Corpos estranhos gastrointestinais em quelônios. Uma abordagem radiográfica. Sminário de Iniciação Científica e Prêmio UFF Vasconcelos Torres de Ciência e Tecnologia- 2001. - FOWLER, M. E. Metabolic Bone Disease. Zoo and Wild Animal Medicine, p.69-90, 1986. - FRANCISCO, L. R. Répteis do Brasil. São José dos Pinhais: Amaro, 1997. 208 p. - HENDLER, S.S. A enciclopédia de vitaminas e minerais. Rio de Janeiro, Ed. Campus, 1994. - HIRSCHBRUCH, M.D., CARVALHO, J.R. Nutrição esportiva: uma visão prática. 2ª Ed., Barueri –SP, Ed. Manole, 2008. - Instituto Nacional de Frutos Tropicais. - JUNQUEIRA, L. C. U. et al. Biologia celular e molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. cap. 1-3. - KAPLAN, M. Calcium metabolism and metabolic bone disease, 2002. - SCHILLINGER, L. L'ostéofibrose nutritionnelle de l'iguane vert (Iguana iguana) en captivité. Revista Le Point Veterinaire, França, v.29, n. 194, p.821-827, 1998. - SILVA, S.M.C. S., MURA, J.D.P. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. São Paulo: Ed Roca, 2007. Obs.: Caso encontre alguma informação incoerente contida neste site, tenha alguma dúvida ou queira alguma informação adicional é só nos mandar um e-mail. 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